segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Dança

Dança!
Mulher inebriada
Pela luz da alva lua.

Dança!
Insandecida,
Desatinada,
Seminua.

Dança!
Até aonde
A alma alcança.

Dança!
Que a própria vida,
Por demais sofrida,
Se faz criança.

Dança!
Ó, mulher,
e esquece,
que a carne envelhece,
pois a dança -
minha doce criança -
a alma rejuvenesce.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

O que pode doer mais senão
A inexistência da reciprocidade?

Amar sem ser amado,
Sofrer por ser rejeitado,
Do coração não ser senhor,
E a mercê de seus caprichos
Perecer

A incerteza do retorno,
Quando se dá e nada se recebe,
A voz que grita e não encontra coro
Quando se sente mas não há sentido
Em um querer que não procede

Ah! Sofrimento,
De uma alma ímpar,
Que pena ao relento
A procura do seu par

De todas as perguntas
Que já foram feitas
Nem todas têm as repostas
Que se deseja,
E, a maior delas,
Segue a nos inquietar:
Por que se ama
Quem não nos pode amar?

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Politicagem Alimentícia

E nessa briga
Entre embutido e salgado
Quem paga o pato
É quem pouco ou nada
Tem no prato

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Não Te Quero Nua

Não te quero nua,
Te quero despida de mentiras,
Com teus sentimentos à mostra

Sem jogos, sem mistério,
Apenas tua alma, verdadeira,
Teus olhos a me fitarem,
Amor sobremaneira

De que adianta o corpo nu
Se dos sentimentos nada se sabe?
Muito antes mil vestes e paixão
Transbordante,
Que nem cabe

terça-feira, 21 de março de 2017

Erro Meu

Foi erro meu, sim,
Confesso,
E me arrependo

Sofro assim,
Pela tua indiferença,
Pudesse eu voltar no tempo,
Desfaria tal desavença

Não sou senhor do passado,
A este ninguém controla,
Mas sou dono do meu presente,
Por isso peço encarecidamente:
Me perdoa

Se por acaso do destino
Teus abraços não mais puder sentir
E assim, privado de alegria,
Incapaz de sorrir,
Prefiro eu perecer
A teus olhos cor de jade
Nunca mais poder ver

segunda-feira, 13 de março de 2017

Onde foi que eu me perdi,
Que já não me encontro mais.
Por que não posso ser assim,
Tal qual os demais?
Antes fosse eu centrado
E agisse com razão
Mas quem disse que é sensato
O homem que tem coração?
Ai de mim, e confesso
Me esforço, mas lhes digo,
Sofro sim, não minto,
E me desfaço.
Quantos de vocês
Já sofreram por sentir demais
Mas fingem, ignoram
Simulam não serem iguais?
Pois eu sofro sim
Não minto, sou sincero
Prefiro me expor ao ridículo
Do que sofrer em silêncio.
Sinto, logo existo.
Bêbado, ridículo.
Riem de mim?
Pois eu, em minha verdadeira essência
Um fracasso, em decadência
Mas sincero, e verdadeiro
Digo àqueles que ouvem,
Covardes, ridículos,
Eu que rio de todos vocês
(Em silêncio)

terça-feira, 7 de março de 2017

Por que diabos sou assim?

Onde está o diabo
Senão dentro de mim,
A cada soluço me engasgo
Por que diabos sou assim?

Vivo à margem
De minha própria existência
Minha mensagem, tão breve,
Carece de essência

Morro de véspera e sou servido
À mesa daqueles que me consomem
Sou projeto de homem
Por que diabos sou assim?

Por vezes sou alheio
Ao mundo que me cerca
Mas do universo dentro de mim
Faço minha própria Meca

Vivo de felicidade deletéria
Se a pressão da vida se eleva
Meu sangue irrompe das artérias
E minha verdadeira essência se revela

Sou imperfeito, inacabado
Versão alfa, quando muito, beta
Um grito silenciado
Em meio a multidão desperta

Que espécie de humano sou
Senão gado do homem?
Ou sou apenas o que restou
Do rascunho que fui ontem?